
Porque o Geoarpad?
Euro-Região Galiza-Norte de Portugal, uma enorme rede de património cultural e inmaterial
Ao longo de toda a fronteira ibéria existe uma importante rede de património cultural material e inmaterial de enorme trascendencia e potencial como elemento de desenvolvimento territorial e atração turística. A Euro-Região Galiza-Norte de Portugal conta com 8 lugares considerados como Património da Humanidade pela UNESCO, quatro se encontram na Galiza (Cidade Velha de Santiago de Compostela, Caminho de Santiago francês e rota do Norte, Muralha romana de Lugo e a torre de Hércules) e outros quatro no Norte de Portugal (Centro histórico do Porto, Centro histórico de Guimarães, região vitícola do Alto Douro e os lugares de arte rupestre prehistórico do Vale do Côa e de Siega Verde). Conta também com numerosos Bens de Interesse Cultural (BIC). Junto a este património inmueble há que destacar também um rico património cultural inmaterial.
O conjunto de actividades a executar se enmarcan no âmbito do território da Eurorregión Galiza – Norte de Portugal. O espaço de cooperação compreende, por tanto, toda a Eurorregión Galiza-Norte de Portugal. Neste espaço de cooperação, existe, como se tem dito, um importante património cultural, que atrai numerosos visitantes. Assim, é importante destacar que em termos de atração de turistas a Euro-Região recebe proximadamente entre 6,5 e 7 milhões de pessoas de média a cada ano. Este é um indicador da importância do património cultural, como lugar de atração e consequente crescimento económico. Mas, podem maximizar-se as possibilidades de valorização do dito património, melhorando seu conhecimento e alargando sua difusão.
No diagnóstico do Programa menciona-se a necessidade de estudar e dar a conhecer os valores artísticos, históricos e sociológicos deste património e criar uma consciência social respeito de sua importância, para que se converta num elemento de identificação e de desenvolvimento das populações do área.
O catálogo de Património Cultural é um dos traços configuradores do território e a paisagem da Euro-Região. O projecto pretende pôr de relevo os nexos e pontes de união que existem neste território. Ao tempo, será uma ferramenta fundamental para conhecer e compreendê-lo mas também para analisar as dinâmicas sociais e as práticas culturais ou linguísticas. Desde este ponto de vista, trata-se de uma rica herança que é preciso gerir para não a perder e poder a traspassar nas melhores condições possíveis às gerações próximas.
Hoje em dia, dito património cultural não é objeto somente de protecção e conservação, senão que, sob medidas correctas e ajeitadas de promoção, pode constituir também um espaço importante de crescimento econonómico e, por extensão, de coesão social. O turismo e a gestão do património cultural vinculada à promoção de novas actividades económicas, é actualmente um aspecto importante dos sistemas globalizados. A importância de interpretar e pôr ao dia o facto cultural, desde o respeito e a veracidade, manifesta-se na grande quantidade de visitantes que ano após ano põem de relevância as rotas xacobeas, o património marítimo-industrial ou os diferentes recursos arquitectónicos espalhados por vilas e cidades. Assim, é que se demonstra com dados relevantes quanto ao número de visitantes registados nos últimos anos à Euro-Região, com motivo precisamente da capacidade de atração que supõe dito património, tal e como foi posto em destaque no apartado anterior “Condicionantes geográficos do projecto”.
Galiza e a Região Norte compartilham uma série de recursos endógenos, como são seu património natural e cultural, que são a base para estratégias conjuntas de ambas regiões. Os agentes consultados destacaram em general o interesse da aplicação das TI ao turismo. Os recursos e sectores vinculados à cultura e a criação, as TI e o turismo são seleccionados como prioritários por sua grande importância em suas estratégias para seu desenvolvimento e especialização inteligente.
GEOARPAD, potenciará a identificação, classificação, protecção e difusão patrimonial a nível eurorregional oferecendo um sistema de informação do património, articulado sobre uma base geoespacial. Este desenvolver-se-á como sistema de informação que contribui à gestão do património, com localização georreferenciada no território, seguindo critérios metodológicos e técnicos comuns para o âmbito de actuação territorial Galiza-Norte de Portugal; e porá em marcha iniciativas específicas de gestão e propostas inovadoras para a gestão deste património cultural. Todo isso apoiado nas TIC como elemento catalizador.
Desafios e oportunidades comuns
A gestão do património cultural é o conjunto de acções que têm por finalidade proteger, conservar e fomentar as entidades (bens materiais e inmateriais, bem como práticas) que constituem dito património. Isto implica que ditas entidades devem ser identificadas, documentadas, interpretadas, avaliadas, conservadas e difundidas, no que se conhece como Corrente de Valor do Património Cultural. A maior parte das acções que fazem parte desta corrente de valor recaem nas administrações públicas, que as aplicam e executam através de instrumentos como os inventários e catálogos. São necessárias ferramentas que permitam tratar um importante conjunto de dados de maneira ágil, integrada e coerente.
GEOARPAD está em sintonia com a recente demanda de um governo participativo da cultura e o património cultural por parte de reconhecidas instituições como o Conselho de Europa (se vejam as Conclusões do Conselho de Europa respeito do governo da cultura /2012/C 393/03/ e o património cultural /2014/C 463/01/). Por sua vez, esta demanda trata de dar resposta às exigências de gestão que vêm dadas pela consideração do património cultural como um recurso estratégico para o desenvolvimento sustentável, bem como à crescente percepção do papel que joga a valoração social na definição do universo patrimonial (desde o Convênio de Faro de 2005).
O desenho e desenvolvimento conceptual de uma estrutura de informação própria do património cultural como a proposta obedece à necessidade de gerar uma base para gerir adequadamente o conjunto de entidades patrimoniais que compõem o património cultural, tanto na Galiza como no norte de Portugal, que, ademais, se amplie dia a dia com a incorporação de novas entidades e elementos patrimoniais. Este modelo deverá ser suportado com ferramentas tecnológicas como os Sistemas de Informação Geográfica (SIG), as Tecnologias da Informação (TI), e outras ferramentas existentes de provisão de informação digital.
Além do desenvolvimento tecnológico, deve incorporar-se um elemento inovador: a participação social, que permitirá interatuar a um amplo número de actores relacionados directa ou indirectamente com o património cultural. A combinação das tecnologias mais modernas com uma nova maneira de entender e gerir o património cultural de forma coordenada e consensuada num amplo leque de instituições com concorrência na matéria confluyen neste projecto.
É necessário procurar um equilíbrio entre as necessidades específicas de estudo, interpretação e protecção do património, que devem ser guiadas por especialistas, e a necessidade social de usar e aceder aos bens e práticas que constituem o património.
O projecto proporciona o desenvolvimento de um modelo versátil, a posta em marcha de casos de uso específicos e o ensaio de diferentes actividades piloto inovadoras. Isto implica que pode satisfazer as necessidades de utentes com perfis muito diferentes. Seus utentes, com diferentes graus de acesso, serão desde os organismos públicos que até agora são responsáveis pela gestão por sectores profissionais (pesquisadores, gestores culturais, jornalistas, gestores turísticos), até associações, agrupamentos e comunidades local, bem como qualquer pessoa interessada no património. Em definitiva, o que o Convênio de Faro (art 2) define como “Comunidade de património”: pessoas que, no quadro da acção pública, valoriza aspectos específicos do património cultural e deseja os sustentar e transmitir às gerações futuras.
O projecto procura fortalecer o carácter público e social do acesso ao património cultural, o que inclui a possibilidade de participar, em diferente grau, na gestão do mesmo.